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Capital das solteiras



Se a cidade é grande, pior: grande é a chance de estar só. Se o tempo passou, ruim: mais difícil encontrar o amor. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) pesquisou o mundo dos solteiros e descobriu que solidão é palavra feminina. “As mulheres estão mais sozinhas que os homens na fase mais madura. Podemos dizer que a solidão é senhora”, revela o economista da fundação, Marcelo Néri.

A senhora solidão apanhou a dona de casa Leonor Guimarães na fase mais feliz da vida. Como sempre acontece em casos assim, ela foi tragada por um sentimento de abandono. Durante muitos anos mastigou recordações do tempo em que viveu com o marido, que morreu ainda jovem por causa de uma doença grave. “A gente sente uma dor no peito que não é dor de dor. É uma dor que vai entrando e, quando você vê, ela já tomou conta”, diz ela.

Apegada ao passado recente, Leonor não conseguia se desvencilhar da sensação de estar só. “Tinha dias que eu pedia para Deus me levar para eu ficar com ele. Depois eu pensava: ‘Que loucura, Leonor, você tem seus filhos’”, lembra.

É um sentimento que vai confinando a pessoa dentro de casa e dentro de si mesma, porque todo o espaço que há é ocupado por ele. E aí chega uma hora em que a solidão só é derrotada quando a gente vai lá para fora. Entre passos e rodopios, enfim, a saída. “Deus fechou uma porta, mas abriu a outra: a dança. Eu amo dançar”, ressalta Leonor.

Foi nas aulas de dança de salão que Leonor conheceu Carlos: par na dança, par na vida. “Eu nunca poderia imaginar que eu seria tão feliz de novo”, diz ela.

A julgar pela quantidade de mulheres dançando umas com as outras, logo se vê por que a taxa de solidão feminina é tão alta. A FGV diz que nas cidades maiores, 45% das mulheres estão sozinhas. Mas há casos curiosos. “A cidade com a maior taxa de solidão feminina é Jussiape, na Bahia. Lá existem muitos solitários e solitárias convivendo lado a lado”, revela Marcelo.

Fé no santo casamenteiro

O que há com os baianos? Por que Jussiape, no oeste da Chapada Diamantina, é a campeã brasileira de solidão? A população acha que é por causa da migração. Os homens partem sozinhos em busca de emprego nos grandes centros e deixam as mulheres sozinhas na cidade.

Haveria também um traço cultural dos moradores que resistem a formalizar as uniões no cartório ou na igreja. O fato é que esse comportamento singular dos homens e mulheres de Jussiape não consegue evitar o desejo universal de encontrar uma alma gêmea.

Santo Antônio, coitado, deve estar com estafa. É enorme a sobrecarga de pedidos que recaem sobre o santo casamenteiro. Já é tradição em Jussiape as moças se reunirem para pedir que a solidão acabe ou que a alma gêmea caia do céu, nem que seja por milagre.

As orações são sempre feitas em frente à mesma casa, numa cerimônia cada vez mais concorrida confirmando o prestígio do santo. “Já vimos mulheres que participaram das orações terem experiências com namorados”, conta a estudante Daiane Carvalho e Silva.

Sábado em Jussiape é um bom dia para tentar acabar com a solidão. É dia de feira. Os agricultores chegam do interior do município para tentar vender seus produtos.

“Tem bastante mulher solteira acima dos 30 anos aqui”, confirma um morador. Mas, infelizmente, ir à feira não resolve o problema. O pessoal parece sempre mais interessado em vender produtos: farinha, requeijão, manteiga, ovos, carne. “Tenho a solução definitiva para mulher solitária: homem”, brinca o feirante José Leite.

Há de haver alguém na cidade com quem se possa dividir a vida. Essa é a busca obsessiva da comerciante Gardênia Prates. E ela está determinada a prosseguir nessa procura.

“Levanto todo dia e penso: ‘Será que um companheiro vai me aparecer hoje?’. Tenho muitos momentos de solidão. É impossível ser feliz sozinho, não existe felicidade faltando um pedaço”, diz Gardênia.

Gardênia vive em Jussiape com a filha e a mãe. Nunca está só, embora se sinta assim. “A solidão dói na alma, no fundo. Você procura tapar o vazio, mas não consegue”, descreve Gardênia. “Acho que o destino está reservando alguma coisa boa para mim”, conforma-se.

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