James Heckman e Flávio
Cunha
- Investimento em capital
humano é um processo dinâmico.
Ele começa antes do
nascimento da criança e ocorre durante toda a vida do individuo.
- "Habilidade produz
habilidade".
Investimentos em capital humano
que ocorrem nos
primeiros estágios da vida de uma pessoa servem como insumos na produção
de outras habilidades.
Por exemplo, ao ensinar uma criança
a ler estamos
abrindo a oportunidade de que ela possa ler um livro e aprender álgebra.
- Algumas habilidades são
adquiridas mais facilmente quando criança.
Por exemplo,
é possível uma criança aprender a falar língua estrangeira sem sotaque
quando o processo de aprendizado dessa língua começa cedo.
É muito mais
raro que isso aconteça quando se começa a aprender com 20 anos, por
exemplo.
- Investimentos em
capital humano exibem certa complementaridade
intertemporal:
O retorno marginal de alto
investimento em capital humano de adultos
que tiveram baixo investimento em capital humano quando mais novos é
muito baixo.
Da mesma maneira, alto
investimento em capital humano de crianças
que não terão altos investimentos quando adultos serão também muito
baixos.
Em outras palavras, pesquisas
recentes mostram que a seqüência ótima de
investimentos em capital humano é muito próxima de ser constante e elevada
ao longo do tempo.
- Habilidades são múltiplas
em natureza e o desenvolvimento dessas habilidades
varia ao longo do tempo.
Por exemplo, aprender língua
estrangeira, se começar
cedo, vai falar muito bem.
Mas, por outro lado, paciência,
esforço, persistência, motivação, honestidade, e outras habilidades
não-cognitivas, que também afetam o sucesso de uma pessoa, são mais
fáceis de serem adquiridas na adolescência.
Programas experimentais direcionados
a adolescentes por exemplo mostram que enquanto tem impacto limitado
em test scores de matemática, eles mostram que os adolescentes acabam
se tornando mais responsáveis, tendem a faltar menos as aulas, tendem
a cumprir as obrigações
escolares, etc...
- No caso do Brasil, por
exemplo, crianças que crescem em ambientes onde:
1)
não tem água
encanada,
2) não
tem coleta de esgoto ou lixo,
3) não
tem alimentação
adequada,
4)
os pais não tem condições de promover desenvolvimento
cognitivo e não-cognitivo das crianças desde a primeira infância,
quando elas chegam na escola aos 6/7 anos, elas já tem uma enorme desvantagem,
pois foram perdidas muitas oportunidades para desenvolvimento de
habilidades básicas. Muitas dessas crianças jamais chegarão a terminar o
ensino médio e uma parte
muito grande não estará no mesmo nível de desenvolvimento
cognitivo e não-cognitivo para competir no vestibular e na vida
em pés de igualdade com os filhos de famílias de melhor
"background".
A evidência
empírica dos EUA nos mostram que tuition policies ou políticas de quota
tiveram pouco sucesso em promover redução da pobreza dessas crianças.
A
evidência empírica de experimentos controlados (como Perry Preschool e
Abecedarian) mostra que crianças
pobres que receberam investimentos elevados na
primeira infância tiveram maior educational attainment que os seus pares
(a participação foi aleatorizada),
em media receberam salários maiores, a probabilidade
de engravidar durante a adolescência foi menor para as meninas participantes
do que as não participantes, e para os meninos que participaram
existe uma brutal redução na probabilidade de cometer crime.