Sábado,
25 de março de 2000
COLUNA DO ESTADÃO

Asolução do piso salarial para os Estados foi sacada pelo presidente Fernando Henrique há pouco mais de uma semana, mas o estudo técnico-jurídico está pronto desde agosto do ano passado, quando foi entregue ao próprio presidente e por lá ficou esquecido. O estudo foi elaborado, a pedido do presidente FHC, por um grupo de quatro pessoas: Edward Amadeo, secretário de Política Econômica, Eduardo Graeff, assessor especial da Presidência, Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, e José Márcio Camargo, da PUC do Rio de Janeiro.

Foi o próprio Fernando Henrique que se lembrou desse estudo, quando a polêmica sobre o reajuste do salário mínimo estava no auge dos discursos políticos no Congresso. A proposta foi elaborada a partir do pedido do presidente para que o grupo encontrasse soluções alternativas, especialmente sobre a questão do impacto do aumento do mínimo nas contas da Previdência Social.

Primeiro, os técnicos chegaram à idéia da regionalização do salário mínimo, o que foi de imediato descartado, pois exigiria mudanças na Constituição. Evoluíram para a proposta do mínimo nacional e piso estadual e assim entregaram o trabalho a FHC.

Quando o reajuste do mínimo entrou no debate, a área econômica focou sua preocupação no valor do salário, não tratando de propostas alternativas. Com o estudo em mãos, FHC levou pouco mais de uma semana para apostar que essa era a saída política para a encrenca arrumada por aliados.

Genialidades

Não foram poucos os que tentaram se apropriar da autoria da idéia do piso salarial para os Estados - no Congresso, no Planalto e na Esplanada dos Ministérios. A proposta é de técnicos graduadíssimos e foi lembrada por FHC.

Xeque-mate

Logo depois da reunião sobre o salário mínimo, o presidente Fernando Henrique Cardoso comentava com assessores: "Agora, todos os governadores e prefeitos do PFL vão dar os US$ 100 que o partido queria e os governadores do PT poderão aplicar o mínimo pregado pelo Dieese (mais de R$ 400)."

Sabedoria

FHC fez direitinho sua parte ao pedir urgência constitucional (votação em 45 dias) para o projeto de lei complementar que dará competência aos Estados para a ampliação do salário mínimo. Agora, fica por conta dos governadores a tarefa de exigir pressa de suas bancadas na Câmara. Se é que eles têm pressa mesmo em aumentar o mínimo nos Estados.

Chacota

Ao ver deputados de oposição queimando uma edição do Diário Oficial, em protesto contra a MP que reajustou o salário mínimo para R$ 151, o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio Neto, comentou: "Sempre achei que o PFL dava equilíbrio às oposições nessa luta, agora que ACM afastou-se, eles viram piromaníacos."

Avanço

O Planalto deu o sinal verde para a votação, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, do parecer do deputado Ney Lopes sobre a quebra do sigilo bancário.

Sua proposta desburocratiza a quebra do sigilo, mas mantém o crivo do Judiciário - o texto dá prazo de 72 horas para a Justiça se pronunciar sobre um pedido. Caso contrário, o sigilo é quebrado automaticamente.

Pedro Malan e Armínio Fraga consideram a proposta um avanço.

Desmonte

O bloco de oposição no Senado está minguando. Depois do PPS, o próximo a sair do grupo, para instituir liderança própria, é o PSB, partido de Luiza Erundina. Com Erundina e Marta Suplicy (PT) em disputa acirrada pela prefeitura paulistana, o melhor é cada um seguir seu caminho no Senado.

Brincadeirinha

Celso Pitta desapareceu a tarde toda, ontem, negando-se, a princípio, a receber a citação da Justiça sobre seu afastamento imediato do cargo. A única informação do Palácio das Indústrias era de que o trabalho na Prefeitura "prosseguia normalmente". Piada sem graça essa.

Perguntar não ofende

Quem mais sustenta o prefeito Celso Pitta?


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